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Fevereiro foi um mês marcante para Petrópolis que foi surpreendida com fortes chuvas, deixando mortos e prejuízos por toda a cidade. Um dos pontos mais devastados pela enxurrada foi o Centro da cidade, impactando principalmente o comércio com prejuízos incalculáveis. Mas, quando tudo parecia estar voltando ao normal, a população foi novamente atingida por outro temporal, no último domingo (20/3). Várias ruas foram tomadas pela lama, entre elas a Rua do Imperador, uma das mais importantes da região, onde lojas tiveram seu estoque completamente perdido novamente.
A comerciante Vera Lucia da Silva Carvalho, proprietária da Bocão Lanches, sentiu mais uma vez a dor de ver seu negócio prejudicado pelas chuvas. Em fevereiro, a enxurrada a pegou e seus funcionários de surpresa. “Estávamos na loja e vimos a água subir rapidamente. Tivemos que ficar no segundo andar para nos protegermos”, revela. Ao todo foram 15 dias com a loja fechada para fazer limpeza e conseguir organizar tudo. Contabilizando suas perdas, ela calcula que da primeira chuva os prejuízos chegaram a R$ 20 mil. “Nesse segundo temporal, perdemos geladeiras, liquidificadores e multiprocessador que inclusive tinha conseguido comprar com a ajuda de uma amiga”, explica. No aguardo da ajuda do governo ela, que abriu sua loja há apenas sete meses, confessa que fica temerosa com o futuro. “Às vezes, penso que outras chuvas como essa virão e fico com medo. Vamos ver se conseguimos continuar depois de tudo isso”, conclui Vera.
Geraldo Martinho, dono da Martinho Social e comerciante há mais de 55 anos, confessa que nunca viu nada igual. “Estou impressionado. Nunca aconteceu isso nessa proporção”, relata. Com prejuízos altíssimos, ele detalha suas perdas. “Foram 400 calças, 120 ternos e cerca de 80 pares de sapato”, diz Geraldo, de 84 anos, que olha para seu negócio buscando forças para continuar. “Estamos sem esperanças para recomeçar, mas, acreditamos que Deus vai nos dar forças para seguir”, desabafa.
Já para Henry Lippi, proprietário da Pizza 24h, a situação é revoltante. Na primeira chuva conseguiu driblar os prejuízos trazendo maquinários de sua outra loja para repor o que foi perdido com a enchente. “Acabei fechando uma outra loja que tinha devido à pandemia. Quando ocorreu o primeiro temporal, transferi o maquinário de lá para cá”, explica. Ele e seus funcionários tiveram que subir para o segundo andar para se protegerem da enxurrada. “Foi tudo rápido demais, não deu tempo de tirar nada”, diz Henry que na época conseguiu realizar algumas ações para levantar recursos financeiros. “Fizemos uma rifa onde conseguimos R$ 3.650,00”, revela. Segunda loja a abrir após a primeira chuva, a Pizza 24h, com o segundo temporal não teve como evitar mais prejuízos. “Dessa vez perdemos tudo e estamos à deriva”, relata com tristeza. “É trágico o que aconteceu, mas estamos vivos”. Em forma de desabafo Henry expressa sua indignação. “Até quando iremos sofrer calados, vamos dar um basta em nossa resiliência”, conclui.
Outra rua também muito afetada foi a 16 de Março, abalada pelos dois temporais. Lojas ficaram repletas de lama e viveram mais uma vez um episódio triste em seus negócios. Para Alvanei Abi Daoud, proprietária da Mister Hugo, que em fevereiro teve um prejuízo de 70%, cerca de 50 mil reais. “Na primeira chuva estávamos na loja e conseguimos fazer barricadas, mas, a água invadiu e tomou a loja”, explica revelando que ficaram 30 dias sem movimento na loja. Nas chuvas de domingo a loja voltou a ser invadida pela enxurrada, porém, desta vez eles conseguiram levar o estoque para o segundo andar e o prejuízo não foi tão grande. A lojista reclama da falta de ação pelos órgãos responsáveis. “O que nos foi prometido até o momento não recebemos ainda”, ressalta. Ela espera que essas situações e catástrofes não acabem virando o normal para muitos, principalmente para os governantes. “Temo que isso tudo que está acontecendo vire normal para muitos”, desabafa. Alvanei, em forma de protesto, escreveu uma carta onde relata sua indignação e solidariedade a todos que estão passando por essa tragédia. “Os empresários estão saturados. Tudo é feito com muito sacrifício. É preciso que providências sejam tomadas urgentemente”, ratifica a empresária. Ela lembra que muitos empregos se foram e isso impactará a todos. Triste, ela confessa que acredita que várias lojas estão em situação muito difícil. “Pelo que estou vendo, muitos lojistas não conseguirão abrir novamente”, conclui.
Fonte: Diário de Petrópolis